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Israel e suas consequências

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Com o desmembramento do Império Otomano, alguns países não conseguiram atingir a independência desejada, como foi o caso do Iraque e Palestina que ficaram sob o domínio do Reino Unido, e em seguida, passados para a ONU que em 1947 aprovou a divisão da Palestina, criando assim, o Estado de Israel em 1948.

Esse acontecimento gerou uma onda de conflitos entre os países do Oriente Médio. Segundo a partilha, os Árabes ficariam com a região da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e Jerusalém, como região sagrada para as principais religiões monoteístas, seria um território neutro. Porém, isso gerou um grande descontentamento entre os árabes que ficaram com pouco mais de 40% do território.

A partilha não considerou uma característica fundamental para a população: a fé.

O islamismo é a religião predominante do Oriente Médio, porém, há uma divisão interna caracterizada por duas vertentes: sunitas e xiitas. Os xiitas são os seguidores de Ali. Eles não aceitam o comando de outra pessoa que não seja descendente do profeta Maomé. Reconhecem apenas as escrituras do Alcorão. E os sunitas são a maioria entre os muçulmanos, cerca de 90%, e pertencem ao ramo tradicional e ortodoxo do Islã.

Entretanto, no auge da Guerra Fria, americanos e soviéticos disputavam a hegemonia política sobre a região, apoiando grupos sunitas ou xiitas em cada país, conforme seus próprios interesses. Desde então, ocorreram diversos conflitos entre palestinos e israelenses, como a Guerra de Yom Kippur. Assim, com a ajuda dos EUA, Israel venceu todas as guerras e iniciou um processo expansionista, anexando a Galiléia, o deserto de Neguev, a Península do Sinai, as Colinas de Golã e a Cisjordânia ao seu território. Os países árabes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), não concordavam com a instauração de Israel e realizaram uma grande represália aos Estados Unidos, prejudicando toda a economia mundial, aumentaram os preços do barril de petróleo em 300%, gerando a primeira crise do petróleo, em 1973.

A crise do petróleo fez com que o ocidente começasse a pensar em medidas conciliatórias entre palestinos e israelenses. A partir da década de 80 as relações se acirraram, surgiu então a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) e o Hamas, a maior organização islâmica em estados palestinos.

Em 1978, o presidente do Egito, Anwar el-Sadat, e o primeiro-ministro israelita, Menachem Begin, reuniram-se com Jimmy Carter, o presidente dos Estados Unidos, e concordaram em instaurar a paz no Oriente Médio. A instauração desse clima de paz demandava dos dois países respeito pela soberania, integridade territorial e independência política de cada estado, e o seu direito de viver em paz e segurança. O objetivo do tratado era estabelecer a paz entre todos os países envolvidos no conflito. Assim, ficou estabelecido que o acordo constituiria as bases para a paz, não apenas entre o Egito e Israel, mas entre todos os vizinhos que estivessem preparados para negociar a paz com o país judaico. O tratado ficou conhecido como acordo de Camp David, com a paz estabelecida, Israel devolveu os territórios ocupados ao Egito.

O conflito entre Irã e Iraque deu início em 1979, quando Saddam Hussein tomou o poder no Iraque e o clero fundamentalista xiita assumiu o poder e promoveu a revolução Islâmica. Em 1980, o Iraque invadiu o Irã iniciando o conflito, por uma disputa territorial e temendo que a revolução influenciasse o país vizinho, onde 60% da população é considerada xiita. Com o objetivo de controlar o canal de Chatt Al Arab e inspecionar a circulação de navios petroleiros pelo canal, a única saída pelo mar para o território iraquiano. Dessa forma, o canal era a única maneira de permanecer no comércio internacional de petróleo. Esse conflito gerou milhares de mortos e prisioneiros, os reais interesses eram econômicos. No decorrer do tempo, ocorreu o equilíbrio do conflito pelos iranianos, o resultado foi uma guerra sem vitoriosos, mas com uma destruição estrutural de ambos os países. Seu fim ocorreu após 8 anos, em 1988, a destruição em massa em nome da religião, quando na verdade o que estava em jogo eram questões econômicas e poder. Pressupõe-se que o conflito teve a ajuda clandestina dos EUA, com interesse nos poços de petróleo. Como herança da guerra, o Iraque adquiriu poderio militar, tanques de guerra, munição e armas. Neste contexto, o Iraque invade Kuwait, seu vizinho, dois anos depois, em 1990 e anexou o país.

Em 1991 os EUA deram início à Guerra do Golfo, bombardeando o Iraque. O conflito deixou cerca de 100 mil soldados mortos e 37 mil civis. Dessa forma, os conflitos transcorrem até 2011, quando as tropas americanas deixam o país.

Uma das consequências da guerra foi o surgimento do Estado Islâmico do Iraque (ISIS), como um aliado da rede terrorista Al-Qaeda. O ISIS é um califado com atuação terrorista que controla regiões no Iraque e na Síria e baseia sua ideologia em interpretações radicais, como o wahabismo, determinado princípio do Islamismo, onde o atuante deve estar disposto para morrer, matar e converter o maior número de pessoas possíveis. Assim, a violência do Estado Islâmico é utilizada para impor o medo e, por conseguinte, o respeito nas regiões que controlam. Com o rígido controle da sharia, o grupo impõe punições pesadas a todos aqueles que não seguem o Corão (livro sagrado), além de perseguir e matar cruelmente qualquer tipo de minoria, como cristãos, curdos, yazidis e homossexuais.

Entretanto, em alguns países, a população não se satisfez com ditaduras e falta de liberdade, como foi o caso da Primavera Árabe, um surto de manifestações que ocorreram em diversos países do Oriente Médio e norte da África, como Tunísia, Iêmen, Arábia Saudita, Egito, Líbia, Síria, entre outros e foram organizadas através das redes sociais. A revolução teve início na Tunísia em Dezembro de 2010 quando um verdureiro se recusou a pagar propina aos policiais que ameaçaram levar sua mercadoria embora, ateou fogo no próprio corpo como forma de protesto.

Com a onda de repressão, 70 pessoas morreram e em 9 dias Ben Ali, ditador que estava no poder há 23 anos, fugiu para a Arábia Saudita.

Os principais motivos foram desemprego, falta de oportunidades e perspectivas, autoritarismo, repressão, corrupção, falta de liberdade política e de expressão.

Vários países conseguiram derrubar seus ditadores através das manifestações. A população da Síria ainda arca com as consequências dessa revolução. O país vive em guerra desde 2010 com o ditador Bashar Al-Assad e o Estado Islâmico.